O último levantamento realizado pela Análise Advocacia mostra que, além dos escritórios, o perfil dos advogados mudou muito nos últimos cinco anos. Atualmente, um em cada sete advogados associados e sócios não cotistas dos escritórios mais admirados do Brasil não estudou nas escolas tradicionais de Direito. De acordo com a pesquisa, 13% deles se diplomaram nas Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU) e Universidade Paulista (Unip), de São Paulo, e na Universidade Cândido Mendes, do Rio.
Uma das explicações para essa mudança refere-se à quantidade de processos que chega à Justiça hoje em dia. Segundo os últimos dados do Conselho Nacional de Justiça, o número de processos em circulação no Brasil passou de 60 milhões, em 2004, para 85 milhões em 2010. O número de causas por escritório, em média, saltou de 7.465, em 2006, para 13.638, em 2010. Com esse aumento de demanda, o Brasil criou o terceiro maior mercado jurídico do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos e da Índia, e as faculdades formam a cada ano mais bacharéis. Só em 2009, foram 90 mil novos bacharéis no mercado.
Nos últimos cinco anos, quase 500 cursos de Direito foram criados no país, totalizando 1.130 cursos de graduação no final de 2010, conforme dados da Ordem dos Advogados do Brasil. No entanto, o maior volume de faculdades não indica, necessariamente, boa formação. No Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) apenas 6% dos 506 cursos avaliados pelo Ministério da Educação receberam nota máxima. A maioria, 82% das faculdades, conseguiu o conceito 3 em uma escala de 1 a 5.
Profissional de mercado
Diante do volume de processos, o perfil do novo profissional procurou atender mais ao lado prático e negociador para a resolução de conflitos, passando menos pela doutrina. Em resposta às novas necessidades do mercado, o conteúdo das faculdades tornou-se mais pragmáticos; o perfil da escola passou a ser considerado fundamental na formação do aluno, direcionando para sua área de atuação. Essa oscilação refletiu também nas escolas tradicionais.
A PUC-SP, criada no final de 1940, ampliou sua grade com disciplinas alternativas para completar o curso de Direito de acordo com as novas demandas. No mesmo sentido, a Universidade Presbiteriana Mackenzie, desde 1953 formando bacharéis, criou disciplinas ligadas a temas mais contemporâneos como Direito Ambiental e Direito Educacional. Outras instituições, como a Fundação Getúlio Vargas, procurou oferecer matérias optativas relacionadas a negócios, administração e business.
Os advogados mais citados no ranking da Análise estão justamente voltados para o setor empresarial e comercial. Eles atuam nas áreas de contratos comerciais, exportação e importação, operações financeiras, infraestrutura e regulatório e Direito Societário. Desses profissionais, 6,3% se formaram no Mackenzie; 3,8%, na FMU; e 2,5% se diplomaram na Universidade Cândido Mendes, do Rio. Os campeões do ranking destacam a Universidade de São Paulo, formando 34% dos advogados mais admirados, e a PUC-SP, responsável pela formação de 20% dos profissionais citados. Entre os 25 advogados mais citados, apenas dois são mulheres.
O perfil dos sócios dos 549 escritórios pesquisados pela empresa não se altera nas primeiras três posições. A USP, PUC-SP e Mackenzie lideram com os sócios mais admirados; a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) é responsável pela formação de 4,8% desses sócios, seguida pela PUC-RJ, 4,3%. Já entre os associados, a PUC-SP lidera com 10% desses profissionais nos escritórios analisados. O Mackenzie, a USP, a FMU e a PUC-RJ formam, respectivamente, 8%, 5%, 5% e 4% dos associados.